Angola é um dos países do mundo com o maior número de mutilados por minas terrestres. Depois de ter se libertado de Portugal em 1975, o país africano mergulhou em uma grande guerra civil. Mesmo com o fim da guerra, mais de 5 milhões de minas continuaram escondidas por toda parte. Ainda hoje, agricultores se acidentam ao pisar em minas ocultas no campo que são detonadas ao mínimo toque. Analogicamente, lidar com o público, especialmente com a sala de aula, tornou-se uma delicada tarefa. A sala de aula transformou-se em um “campo minado”.
Assim como uma mina é detonada ao menor toque, uma palavra mal compreendida pode gerar uma grande “explosão”. É que as pessoas estão mais sensíveis; suscetíveis a interpretar como ofensa, inclusive, as palavras que não são ofensivas. Como disse certa vez um educador brasileiro: estamos em meio à uma guerra de “palavras contra palavras”! Não é o objetivo deste texto esclarecer as causas dessa suscetibilidade, dessa sensibilidade nervosa geradora de conflitos. Trata-se apenas de alertar aos leitores, sobretudo, professores e gestores, que estamos em “campo minado”!
Um movimento (aliás, uma palavra) em falso e detonamos a próxima mina que tem potencial para nos mutilar. Mesmo correndo o risco de cair no lugar comum, vale à pena lembrar que é preciso ser prudente ao falar. Contudo, apesar do cenário delicado e potencialmente destrutivo, falar, dizer, comunicar, é preciso. Entretanto, devemos estar atentos ao fato de que somos responsáveis por tudo o que falamos (e também pelo que deixamos de falar). É sempre possível dizer o que as pessoas precisam escutar. A grande questão é como dizer. “A língua é como uma pequena fagulha que põe fogo em uma grande floresta!”, diz certo livro antigo!
Sejamos prudentes ao falar.
André Pessoa é autor do Sistema GGE de Ensino, nas disciplinas de Filosofia e Sociologia
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