As novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já deixam claro esse papel do professor. O documento lista dez competências que contribuem para o aprendizado e aspectos específicos que o estudante deve desenvolver em cada uma delas. Os pontos citados são:
- Conhecimento;
- Pensamento científico, crítico e criativo;
- Repertório cultural; comunicação;
- Cultura digital;
- Trabalho e projeto de vida;
- Argumentação;
- Autoconhecimento e autocuidado;
- Empatia e cooperação;
- Responsabilidade e Cidadania.
Como visto, são temas abrangentes e que não levam em consideração apenas o conteúdo lógico, histórico e de linguagem. O emocional, o desenvolvimento e o estímulo passam a ter protagonismo. Em outras palavras, o objetivo é proporcionar uma transformação na educação para que as escolas possam se adequar às novas demandas e problemas da sociedade.
De acordo com Paulo Neto, professor de literatura e autor do Sistema GGE de Ensino, hoje, o domínio do conteúdo é, de fato, apenas uma das habilidades que precisam estar presentes em sala de aula. O saber precisa fazer sentido palpável e real, ou seja, o conteúdo deve estar alinhado ao dia a dia do aluno, para que ele enxergue sua aplicabilidade.
“Eu vejo atualmente um professor que precisa compreender as habilidades socioemocionais, ter um certo domínio tecnológico e, ainda fazer o elo entre o conteúdo e a vida dos alunos. Na literatura, por exemplo, eu não vou apenas mostrar o conceito do romantismo. Isso está na internet. Mas, o que era o romantismo de antigamente e como está hoje. Como aproximar o assunto da realidade em que eles vivem? Tenho que falar de amor mostrando o que os autores pensavam naquele momento e como faziam para expor esse sentimento e o que fazem os autores de hoje. Tem de haver um parâmetro com a realidade”, ressalta.
Para Hugo Oliveira, professor de matemática e autor do Sistema GGE de Ensino, o docente tem ainda um outro grande desafio em sala de aula que é o de enxergar o aluno como um ser que tem que reproduzir e obedecer o tempo inteiro.
“O maior conhecimento acerca de doenças psicológicas nos levaram a uma nova sala de aula. Estamos aprendendo a ter uma nova relação com o aluno para que não haja um prejuízo não apenas de aprendizado como também psicológico. A criança está o tempo inteiro criando a personalidade. Então, temos que dar ao estudante mais protagonismo. Mostrar que ele tem que ser respeitado e tem que respeitar. Em sala de aula, o professor entra com um movimento moral, ético e coletivo na vida do aluno. As dúvidas, por exemplo, têm que ser niveladas para que ninguém se sinta tímido por não ter entendido uma questão, por exemplo. Um dos nossos desafios é nos mostrar disponíveis e ser protetores no sentido de garantir a segurança de que nenhuma pergunta é ruim. E essa regra vale em diversos outros momentos da relação de professor e aluno”.
Para trabalhar com as competências gerais, o professor também terá que desenvolvê-las em si mesmo, além de rever posturas, atitudes e comportamentos para que possa ensinar pelo exemplo. Essa é uma lição que o professor Hudson Ribeiro, com experiência de 26 anos em sala de aula, diz ter aprendido.
“Tem que ter firmeza, mas entendendo o que o aluno quer. Entender que, muitas vezes, o aluno que está sentado de maneira incorreta, ou que não está prestando atenção, não é porque está desinteressado ou porque é um aluno ruim. Pode haver algum problema acontecendo. Então, o professor tem que chegar junto, tem que demonstrar empatia. Uma vez chegando ao coração do aluno, ele ganha o aluno e assim vai conseguir direcioná-lo para o melhor caminho. Os alunos aprendem muito mais quando gostam do professor e quando notam que o professor se importa com eles. Hoje, tudo é uma questão de empatia, flexibilidade, bom senso e controle”, ressalta.
Diante de tudo isso, as instituições de ensino estão em um ambiente de novidades e incertezas. O cenário deixa claro que ter as ferramentas necessárias para dar o suporte aos alunos envolve a união de diferentes atores, como gestores escolares, professores, alunos, famílias e a sociedade em geral. O relacionamento deve ser de troca contínua entre as instituições. A parceria com a coordenação pedagógica e com os demais docentes é fundamental para que todos possam trabalhar de forma complementar e reavaliar conjuntamente suas práticas pedagógicas. No Sistema GGE de Ensino, por exemplo, há o Programa de Formação Continuada, encontros periódicos que tratam de temas relevantes para que o corpo docente possa discutir estratégia de atuação, compartilhar experiências e aprender sobre novos temas.
“Recentemente, em um desses encontros, abordamos a questão da comunicação. Isso porque, às vezes, só o ato de emitir uma opinião, falar, não é suficiente para o aluno entender. Mas, na verdade, tem que haver a forma como conversamos com aquele aluno, garantindo que o que desejamos levar a ele, está sendo de fato compreendido. Precisamos estudar a realidade das salas de aula para que eles saibam lidar com os desafios e situações que surgem diariamente. Então, sempre escolhemos um tema relevante e atual para abordar e discutir junto com os docentes nos encontros da formação continuada nas escolas parceiras”, explica o Gerente executivo do Sistema GGE de Ensino, Leonardo Siqueira.
O ensino está de fato se transformando e os alunos sempre buscando nova formas de se comunicar, expressar e também a lidar com os sentimentos. Ter um trabalho conjunto durante o processo é indispensável em todo o percurso. Os professores têm de estar seguros emocionalmente para conseguirem transmitir o conteúdo e os exemplos necessários e, além disso, conseguirem identificar os sinais repassados pelo jovem. E essa segurança só é atingida com diálogo, parceria e envolvimento.
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