Nos momentos de crise surgem as oportunidades

A máxima pode parecer clichê, mas é a realidade e pode ser observada no momento que estamos passando. Nos últimos meses, o mundo passou a enfrentar uma pandemia e a população foi imposta ao isolamento social. Comércio, shoppings e escolas foram fechados como forma de combate à COVID-19. Mas, como sobreviver economicamente? É aí que surgem as oportunidades. Com criatividade e vontade de fazer a diferença, as saídas aparecem.

O universo educacional é um bom exemplo dessa transformação. Até pouco tempo atrás o uso de celulares era proibido em sala de aula, assim como a utilização de outras tecnologias. Isso porque o uso era relacionado à falta de atenção e à distração dos alunos. Outro fator que dificultava a aplicação de ferramentas tecnológicas como apoio ao ensino era a escassez de metodologias e orientações a respeito do tema. Contudo, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é previsto o uso de tecnologias com o objetivo de que os alunos a utilizem de maneira crítica e responsável ao longo da Educação Básica.

Foi baseado nessa premissa da BNCC que as aulas online, que estão sendo essenciais neste momento de isolamento social, puderam ser viabilizadas. Quer entender mais sobre as mudanças e oportunidades que estão ocorrendo no setor neste momento? Nesse artigo analisamos algumas inovações adotadas pelas escolas durante o período de pandemia.

menino mascara celular

A sala de aula se transformou

Com um isolamento social imposto e a necessidade de manter o cronograma de aulas para não prejudicar o ano letivo dos alunos, as escolas precisaram buscar alternativas. O ensino presencial está suspenso por tempo indeterminado e, com isso, a reposição das aulas se tornava uma solução limitada. Foi daí que começaram a surgir os primeiros debates sobre o modelo de Educação à Distância (EAD) já adotado em cursos de ensino superior.

Em menos de um mês, as salas de aulas foram completamente transformadas. O presencial deu lugar ao virtual. As aulas nas escolas passaram a ser exibidas em salas online. A lousa branca deu lugar ao teclado do computador. Os professores, que sempre pensaram em aulas com interação face a face, agora se reinventam para entreter os alunos à distância.

menino estudando mao no queixo

“Logo que surgiu essa questão da pandemia, já previmos a necessidade de fazer assistência pedagógica aos pais para dar o suporte emocional que eles precisavam. Porém, sabíamos que era necessário ir mais além. Não tínhamos como prever quanto tempo ia durar o isolamento, mas, acompanhando outros países, entendemos que se ficássemos parados seria um ano letivo perdido. Por isso, iniciamos as aulas gravadas”, conta o sócio-diretor do Sistema GGE de Ensino, Herbetes de Hollanda.

Diante do planejamento do conteúdo disponibilizado para os alunos, foi possível observar que as aulas online eram, sim, viáveis e importante de serem implantadas. Nos últimos 15 dias de março, foi criada uma plataforma online baseada no sistema pedagógico V4. Com isso, os professores e toda a equipe de profissionais pedagógicos foram treinados para fazer as aulas virtuais acontecerem. Em abril, com as férias de julho antecipadas, foi o momento de colocar os planos em prática e iniciar a fase de testes.

“Fizemos todo um planejamento para cada segmento de ensino baseado em três pilares: abrangência de todas as disciplinas, ampliação de projetos presenciais e aprendizagem fora da caixa (Outbox Learning). Isso quer dizer que tudo que o aluno vê no presencial, ele terá também disponibilizado no ambiente online e, além disso, o fato de ser online permitiu a ampliação de projetos importantíssimos nas aulas presenciais e levados para o digital, como os plantões de dúvida. Por fim, pensamos que, neste momento de confinamento, temos que dar ainda mais suporte emocional aos alunos. Então, disponibilizamos atividades eletivas que irão auxiliar neste sentido, que são os projetos extraordinários (Outbox Learning)”, detalha Herbetes de Hollanda

menina estudando celular live

Com as ferramentas disponibilizadas e a equipe treinada, o momento é de ajustes e adaptações.

“Estamos operando sem manual. Ninguém sabe como funciona. Passamos o momento da adaptação do fazer. Se errarmos, vamos tentar corrigir. Mas, o principal é não deixar tentar. Nosso desafio é o convencimento e acolhida dos pais e dos alunos. É uma nova escola que não existia e precisou surgir”, diz o coordenador pedagógico do Ensino Médio GGE Caruaru, Tarcio Augusto Farias.

Segundo ele, enquanto educador, o desafio foi o de passar a tranquilidade e suporte necessário aos alunos e, em paralelo, encontrar as ferramentas corretas para cumprir com o planejamento anual da forma mais interativa possível.

“O digital já nos acompanhava, mas de maneira secundária. Era um suporte e se tornou a principal ferramenta de ensino. Então, estudamos a fundo e hoje já temos outra visão sobre as aulas virtuais. Agora estamos trabalhando para passar a segurança necessária para os pais e alunos”, conclui.

Desafio para os professores

Disponibilizar aulas virtuais não é simplesmente escolher uma ferramenta e disponibilizar um conteúdo gravado. É preciso planejamento, construção de material de suporte, treino, estudo e, principalmente, reinvenção. Se em janeiro o planejamento de aulas (incluindo trabalhos, conteúdos extras e formas de abordagens) já estava pronto, em março o cenário se transformou por inteiro. O projeto pensado para as aulas presenciais não necessariamente funciona para o online.

menina aula virtual professor

“Sempre fui muito avesso à tecnologia. Meu negócio era quadro e piloto. Mas, chegou o momento em que comecei a perceber que a tecnologia está presente na vida dos alunos. Então, o desafio era meu para aprender a mexer nas ferramentas. Foi quando comecei a ler, participar dos treinamentos e percebi que chegou a hora de sair da minha zona de conforto. Mas até então a tecnologia era a minha auxiliar. Agora, é minha prioridade. Eu estava acomodado e vi que não dava para continuar assim”, afirma Hudson Ribeiro, professor do Sistema GGE de Ensino.

Entre as mudanças que ele já nota na sua rotina está o tempo de preparação das aulas.

“Agora eu planejo com muito mais antecedência. Tiro o fim de semana para preparar o material e ensaiar o tempo de aula. Estou certo que mesmo as aulas presenciais não serão mais as mesmas. Haverá muito mais tecnologia e interação daqui por diante”.

Vale lembrar que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já dava sinais de grandes mudanças com a imposição de introdução de elementos tecnológicos em sala de aula. Além de constar nas competências gerais, a tecnologia também é citada entre os Direitos de aprendizagem e desenvolvimentoda Educação Infantil e nas Competências específicas de área nos Ensinos Fundamental e Médio, bem como nos respectivos Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento e habilidades.

O objetivo de a tecnologia ser trabalhada na Educação Infantil é de estimular o pensamento crítico, criativo e lógico, a curiosidade, o desenvolvimento motor e a linguagem. Já no Ensino Fundamental, os alunos devem ser orientados pelos professores para que eles consigam usufruir da tecnologia de forma consciente, crítica e responsável, tanto no contexto de sala de aula quanto para a resolução de situações cotidianas.

aluno gge com celular

No Ensino Médio, espera-se que o aluno já possua um papel mais proativo tanto no processo de aprendizagem quanto no uso das tecnologias. O estudante já deve estar apto a se aprofundar mais no letramento, linguagem e na cultura digital como um todo. Para isso, os professores podem e devem explorar o auxílio de metodologias que aliam a tecnologia ao ensino, promovendo o desenvolvimento integral das competências e habilidades previstas na BNCC.

menina aula live

Independente da idade do aluno, para Hugo Oliveira, professor de matemática do Sistema GGE de Ensino, a pandemia e as mudanças no formato das aulas impuseram um momento de capacitação particular.

“Percebi que o futuro na verdade é o presente. Eu tinha que buscar uma capacitação. Quem não buscou ficou para trás. Estamos inseridos em um novo mercado que surgiu do nada. Eu não dominava nada dessas ferramentas, mas corri atrás. Era algo que estava fora da realidade e percebemos que é possível”, diz.

Segundo ele, hoje não dá mais para oferecer uma aula de qualidade sem uma plataforma digital.

“Acredito que haverá uma inserção cada vez maior desse acompanhamento à distância. Coisa que estava fora da realidade e vemos que é possível e é eficiente”, enfatiza.

Suporte aos parceiros

A busca por uma solução que não interrompesse a rotina pedagógica dos alunos foi o principal desafio das escolas no último mês. Este também foi um desafio para o Sistema de Ensino GGE. A alternativa foi a elaboração do Programa de Assistência Pedagógica (PAP). O programa foi desenvolvido em duas versões, uma voltada para o período que compreendeu o recesso escolar – os primeiros 15 dias de paralisação – e, em seguida, o projeto de aulas online durante as férias.

“Nos primeiros 15 dias de março, nós estruturamos todo o PAP. Construímos parte das ferramentas no portal, onde as escolas parceiras têm acesso aos conteúdos gravados com rotinas de aula. Além disso, treinamos toda a equipe, inclusive o administrativo. Todos foram envolvidos no desenvolvimento das vídeos-aulas”, conta o gerente executivo do Sistema GGE de Ensino, Leonardo Siqueira.

Além de um apoio pedagógico, o PAP é entendido como um suporte emocional e organizacional para os alunos, que estão confinados em casa. O projeto inclui atividades ao vivo e encontros virtuais. Na plataforma, os alunos e os familiares passaram a receber uma programação de aulas online, com os horários definidos. Assim, diariamente, eles ingressam em uma sala virtual, onde podem encontrar com seus colegas de série, professores e equipe pedagógica.

“As aulas online foram desenvolvidas contemplando o avanço de conteúdo do programa anual de cada série. Então, foi um conteúdo diferenciado disponibilizado para as escolas parceiras e, no início, disponibilizamos para todos que realizassem o cadastro em nosso site. Uma forma de contribuirmos, disponibilizando gratuitamente nossas aulas para escolas de todo Brasil neste momento delicado que estamos passando”, destaca Leonardo.

Além disso, vale ressaltar que o PAP foi idealizado por meio do Sistema de gestão pedagógica V4, que é a base de todo o Sistema GGE de Ensino e que também é disponibilizado para as escolas parceiras. O V4 oferece uma visão estruturada e analítica de todos os sistemas pedagógicos, bem como de mecanismos que possam identificar oportunidades de melhorias, com base em processos de avaliação, interpretação de indicadores e entrega de feedbacks. Sendo assim, é possível identificar falhas e direcionar as ações dentro de toda a instituição de ensino, tornando-as mais efetivas.

“Em paralelo a esse trabalho de criação e alimentação de conteúdo do PAP, nós seguimos com o nosso cronograma de edição do material didático. Os livros do Sistema GGE de Ensino seguirão para todos os alunos, pois eles são ainda mais essenciais neste momento”, enfatiza Leonardo.

Conclusão

A experiência vivida pelas escolas diante do enfrentamento ao novo Coronavírus mostra que é possível fazer a diferença, mesmo em momentos de adversidade. Para isso, é preciso ter força de vontade e acreditar no projeto. Alunos e professores ainda estão se ajustando à nova realidade que nos foi imposta, mas o cenário já não é mais o mesmo. As aulas já não serão mais as mesmas. A pandemia abriu novas portas tecnológicas e despertou nos professores a vontade de decifrá-las. Nos alunos, há também um desafio. O desafio da interação virtual com compromisso e responsabilidade. O desafio da concentração em ambiente adverso. Para todos, ficou a certeza de que somente saindo da zona de conforto será possível ultrapassar essa crise.

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