Leis, assuntos administrativos, lendas e poesias eram alguns dos conteúdos gravados nas páginas dos primeiros livros criados pelos sumérios, em meados de 3.200 a.C. A princípio em tabletes de argila, os escritos foram aperfeiçoados e passaram a ser registrados em materiais cada vez mais usuais e modernos: papiro, couro de animais e, finalmente, em 1450, a prensa do alemão Gutemberg impulsionou a produção em papel.

O conhecimento disseminado pelos materiais impressos ganhou forte concorrência mais de 500 anos depois com a chegada do e-book, livro eletrônico criado em 1971 pelo americano Michael Stern Hart. Denominado Projeto Gutenberg, a iniciativa de Hart deu origem a mais antiga biblioteca digital do mundo, com um enorme acervo de materiais digitalizados e de domínio público.

Mercado em expansão e opções para todos os gostos, os livros digitais passaram a disputar espaço também na formação de cidadãos dentro do contexto escolar. A verdade é que, com o avanço da tecnologia, os recursos em mídias eletrônicas são arrojados e contemplam possibilidades de sons e movimentos que a tradicional mídia impressa só consegue disponibilizar através do Código QR (ou QR Code) que pode ser escaneado e convertido, paradoxalmente, em conteúdo digital. Como texto, vídeo, áudio, entre outros formatos.

No entanto, para medir os benefícios das ferramentas tradicionais de aprendizagem, como uso de livros impressos, cadernos e anotações à mão, várias pesquisas foram realizadas nos últimos anos. A exemplo disso, a Universidade de Tokio constatou recentemente, sob orientação do neurocientista Kuniyoshi Sakai, que a leitura em papel e o hábito de realizar anotações estimulam muito mais o cérebro e tornam a aprendizagem mais eficaz do que apenas o uso de equipamentos eletrônicos, como o e-book. Ainda na mesma investigação científica, diante do monitoramento das atividades cerebrais dos estudantes via ressonância magnética, a memorização e a compreensão dos assuntos através da mídia impressa apresentaram, significativamente, melhores resultados.

A interação com livros físicos e o aprendizado através das sensações

A mídia impressa trabalha o estímulo como nenhuma outra faz. Tocar as folhas do livro, identificar a textura como áspera ou macia, desperta o sistema táctil e funciona como ponto de partida para a aprendizagem. Observar a gramatura, dimensões e sentir o cheiro do papel também multiplicam a experiência palpável.

“Segundo a educadora Maria Montessori, somos exploradores sensoriais. Sua teoria defende que as crianças aprendem de maneira mais significativa através das sensações provocadas ao explorar ambientes e materiais físicos. Os pesquisadores Ramon Cosenza e Leonor Guerra, autores do livro “Neurociência e Educação: Como o cérebro aprende”, também destacam a importância da estimulação sensorial e visual por meio de suportes físicos para o desenvolvimento da aprendizagem. Deste modo, considero a mídia impressa como um importante suporte pedagógico para os estudantes, desde o início do processo de desenvolvimento da leitura e da escrita até a compreensão dos diferentes gêneros textuais”, acrescenta a pedagoga Danielle Santana, líder de projetos e designer researcher na Goon.

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